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História de Guaíba: grupo no Facebook guarda o maior acervo de imagens da cidade

  • Foto do escritor: retratosdeguaiba
    retratosdeguaiba
  • 22 de jul. de 2020
  • 3 min de leitura

Atualizado: 25 de jul. de 2020

Por Emilene Lopes


Quem conheceu Ruben Steigleder lembra do seu jeito engraçado, um contador de piadas e importante trabalhador da fábrica Celupa, localizada em Guaíba. Mas uma característica pessoal também faria com que ele se tornasse inesquecível na cidade: a paixão por fotografar. Amante de tecnologias e novidades, Ruben sempre gostou de fotografar e posar para retratos.


Nos anos 40, ele fez fotos da Rua São José, da Praça da Bandeira e até da “Lomba do Inferno”, que décadas depois se tornaria a Escadaria 14 de Outubro. Ele nunca imaginou que esses registros um dia seriam compartilhadas no grupo do Facebook “Histórias de Guaíba” e iriam contribuir para avivar a memória da cidade.


Ruben Steigleder gostava de fotografar e ser fotografado.
Ruben Steigleder não ficava somente atrás das câmeras e gostava de ser fotografado. Foto: acervo pessoal

As fotos do seu Ruben fazem parte das cerca de 12 mil imagens que compõem o acervo do grupo que, desde 2015, reúne imagens históricas e funciona como ponte entre os guaibenses e o passado da cidade. O idealizador é Márcio Crestani, um “curioso da cidade”, como ele mesmo diz, e que ainda sonha em cursar História. Percebendo a importância de resgatar e preservar a memória de Guaíba, foi atrás do acervo do Museu Carlos Nobre, da Biblioteca Pública Darcy Azambuja e dos jornais antigos para digitalizar valiosos registros.


O Facebook pareceu a maneira mais fácil de conectar a comunidade e compartilhar fotos raríssimas, como a inauguração do Cine Theatro Gomes Jardim em 1917, a enchente de 1941 e a Praia da Alegria nos anos 60. A partir disso, mais fotos, vídeos e lembranças começaram a ser compartilhadas em forma de postagens e comentários. “Quando vi que 10 mil pessoas estavam no grupo caiu minha ficha de que as pessoas têm interesse, então eu tenho muito cuidado com tudo que eu escrevo e comento”, afirma Crestani.

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Márcio Crestani é o fundador do grupo no Facebook que tem mais de 27 mil membros. Foto: Emilene Lopes

Até então, um dos principais acervos fotográficos da cidade era o Museu Carlos Nobre, que possui mais de mil fotografias, as mais antigas são da década de 30, algumas imagens digitalizadas e vídeos doados pela comunidade em diversos formatos. A museóloga responsável, Marina Duarte Gutierre, reconhece como fundamental a democratização das imagens para a compreensão histórica do município e afirma que o Museu é parceiro do grupo desde o início.


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Rua São José, esquina com a rua Cônego Scherer, no Centro da cidade. Foto: Ruben Steigleder
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Busto de Gomes Jardim, ao lado do Cipreste, no Centro de Guaíba. Foto: Ruben Steigleder
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Vista da "Lomba do Inferno", atualmente Escadaria 14 de Outubro. Foto: Ruben Steigleder

Ligação entre passado e presente


Antigos moradores e pessoas que passaram apenas uma temporada na cidade encontraram espaço para falar de suas memórias e contar sua visão dos acontecimentos. Segundo ele, a participação das pessoas dá sentido ao grupo e é fundamental para resgatar o contexto histórico das imagens. Ele cita Maurício Lessa, Jeferson Camargo, Daniela Garcia, Neimar Duarte, Valmir Michelon e outros contribuintes como pessoas essenciais nesse trabalho.


Muitos amigos e antigos vizinhos se reencontraram ao se depararem com um detalhe familiar, seja uma rua, uma árvore ou uma pessoa. O ambiente virtual, muitas vezes acusado de distanciar pessoas, nesse caso fortaleceu uma comunidade e foi ferramenta para criar laços. “Algumas pessoas que colaboraram muito com o grupo e eu tive o prazer de ir na casa, conversar, já morreram. Às vezes bate uma tristeza, daí olho um post que a ela fez e dou um ‘up’ para ele voltar ao topo, como forma de homenagear”, conta Crestani.


As memórias resgatadas por meio das fotografias do “História de Guaíba” também mexeram com a arquivista e restauradora histórica Simone Steigleder, filha do seu Ruben. Ela conta que o grupo foi importante na sua decisão de voltar a morar no Rio Grande do Sul. Na época em que foi criado, ela morava em Brasília e já estava pensando em retornar para sua terra natal: Guaíba. “Algumas postagens eram verdadeiros mistérios e passávamos a noite tentando decifrar lugares que tínhamos pouca referência. Tem postagens que possuem uma infinidade de comentários, como o ‘galpão misterioso’ que até hoje não conseguimos descobrir onde ficava. O grupo acabou por acelerar minha decisão de voltar para o Sul, o que aconteceu um ano depois, em 2016”, conta Simone.


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Na foto, Simone Steigleder está entre os irmãos e atrás dos pais Ruben e Nifinefe. Foto: Acervo Pessoal

Simone sabe bem o valor de um registro histórico. Além do seu trabalho em um ateliê de restauração de bens móveis em Porto Alegre, ela possui uma trajetória de militância na Associação Amigos do Meio Ambiente (AMA), entidade dedicada ao cuidado da preservação de patrimônio natural e cultural de Guaíba.


Segundo ela, o “História de Guaíba” acaba sendo uma ferramenta importante para as pessoas se reconectarem com a cidade. “Uma lembrança da infância, de uma pessoa, de um momento marcante, seja individual ou coletiva, sempre tem um contexto geográfico e social e a fotografia acaba ligando os dois tempos. É inevitável, todos acabam por refletir sobre passado, presente e futuro, e isso é fantástico!”, avalia Simone.


Atualmente o grupo possui mais de 27 mil membros e soma, em média, 32 mil publicações, comentários e reações por mês. Lá, registros como os de Ruben estão disponíveis para o público, a salvo do esquecimento. Uma imersão na história de Guaíba para as novas gerações e um espaço acolhedor para quem gosta de compartilhar suas memórias.


1 comentário


joelhenrique.correa
31 de jul. de 2020

Belíssimo trabalho!! Parabéns aos envolvidos. E nós ganhamos junto com a cidade conhecer um pouco mais de nossa querida cidade ....

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